Vespertinas: o que Temer e Dilma podem ensinar a Netanyahu e Zuma

Michel Temer e Dilma Rousseff - Foto Orlando Brito
No Palácio Guanabara, no Rio, a reunião do presidente Temer com o governador Luiz Fernando Pezão e o general Braga Netto. Foto Alan Santos/PR

Dois coelhos. Muito se falou e escreveu, mas há duas razões essenciais e siamesas para a intervenção federal no Rio de Janeiro. Michel Temer livra-se de ver derrotada no plenário do Legislativo a reforma da previdência. Ao mesmo tempo, aposta numa bandeira propagandística, a do combate à violência.

Esquete gay I. Aconteceu numa escola de classe média alta na capital da República. Numa aula de artes, o professor pede aos alunos que improvisem um esquete sobre uma conquista amorosa.

Esquete gay II. Dos cinco grupos nos quais a turma se dividiu, apenas um interpretou um casal heterossexual. Outros quatro optaram por idílios homossexuais. Não consta que tenha havido ósculos.

From Brazil I. Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, e Jacob Zuma, ex-presidente da África do Sul, poderiam aprender com seus colegas brasileiros. Dilma Rousseff pode ensinar o que não fazer quando o cargo está ameaçado, mas suas chances de sobrevivência são boas. Michel Temer, como proceder, e sobreviver, mesmo em caso de flagrante delito.

From Brazil II. Forçado à renúncia, Zuma perdeu a oportunidade. Netanyahu ainda pode contratar a dupla e preservar o cargo. Os dois mandatários de além-mar são suspeitos de corrupção.

“A Lava-Jato é um exemplo
de que não há premissas absolutas,
sobretudo na política.”

Conexão Trump-Temer I. Faltou um complemento n’O Vespertinas de terça, 30 de janeiro: Pelo menos uma característica em comum existe entre Donald Trump e Michel Temer. Ambos estão melhorando o ambiente econômico dos países que presidem, enquanto suas popularidades têm curvas descendentes.

Conexão Trump-Temer II. Trump pegou o País engrenado. Sua tarefa principal foi preservar o que estava funcionando. (Noves fora a redução de impostos que promoveu, talvez uma bomba de efeito retardado.) Barack Obama foi um presidente normal, nem melhor nem pior do que a maioria dos mandatários norte-americanos. Um típico capitalista de resultados.

Conexão Trump-Temer III. Já Temer herdou um Brasil destruído, no rumo acelerado à insolvência. Teve muito mais trabalho que seu colega do Norte, o do cabelo engomado.

Conexão Trump-Temer IV. A herança do impopularíssimo mandatário brasiliano não será melhor por conta da pusilanimidade de aliados e do corporativismo de oposicionistas que enterraram a reforma das aposentadorias. Estultícia, pois, se aprovada agora, seria o sucessor quem colheria plenamente os louros de uma economia mais ajustada.

Meu bem, meu mal. A Lava-Jato é um exemplo de que não há premissas absolutas, sobretudo na política. Essencial para desvelar políticos mancomunados com meliantes do erário do setor privado, ela avivou um sentimento autoritário em juízes e promotores que pensam poder tomar o Poder como salvadores da pátria. A Lava-Jato expõe, assim, o espírito niilista da política.

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