Vespertinas: eles têm propostas. Podem ser ruins, mas existem

Foto CNI

“Se eu for eleito…” I. O jornalismo não prescinde de bordões. Um deles, repetido a cada novo pleito, assegura que candidatos não têm propostas. Têm. Podem ser ruins, mas elas existem.

“Se eu for eleito…” II. O Estadão desta quinta, 5, faz o contraponto involuntário a este leitmotiv das redações. Na cobertura do debate promovido pela CNI, um quarteto de repórteres detalha o que pretendem 6 presidenciáveis convidados a falar para 2 mil empresários.

“Se eu for eleito…” III. Câmbio flutuante, redução de IR das empresas, controle do dólar, idade mínima para aposentadoria, facilidade para licenças ambientais e ampliação da concorrência bancária. Eis algumas propostas dos candidatos.

“Se eu for eleito…” IV. Sem falar no amplo descontentamento com os juízes da Suprema Corte, traço comum àqueles que podem assumir os rumos do País a partir de 2019. Como disse um candidato, “o Judiciário precisa voltar para o seu quadrado”.

“Se eu for eleito…” V. Eis uma proposta exequível: reduzir o poder dos sufetas supremos. Um presidente legitimado pelas urnas aliado a um Parlamento ressentido pode, de fato, colocar o STF no seu quadrado. Leia-se: limitar-se a, quando provocado, interpretar leis, não confeccioná-las.

“Eis uma proposta exequível:
reduzir o poder dos sufetas supremos”.

Que vença o pior I. Para além das redações, outro traço repetido ad nauseam é o de torcer sempre pelo time mais fraco. Na Copa da Rússia, este comportamento é sentido pelos gritos dos vizinhos quando uma seleção sem tradição futebolística estufa as redes de um adversário estrelado.

Foto by Alexander Hassenstein, FIFA/Getty Images

Que vença o pior II. No caso de Alemanha 0 x 2 Coreia do Sul, à torcida para que vencesse o mais fraco juntou-se o desejo de vingança pelo acachapante Brasil 1 x 7 Alemanha em terras brasilianas. Óbvio que torcedores são desprovidos de razão. Houvesse, e desejaríamos que vencesse a Alemanha. Para nos vingarmos nos gramados logo na rodada seguinte, e não pelos pés dos outros.

Que vença o pior III. Mas, como ensina o Houaiss, torcer é “ansiar por (revés, malefício ou sucesso, vitória etc.)”. Em vez de torcer para que a rival Argentina avance até a final da Copa e lá ser por nós derrotada, desejamos que ela seja defenestrada por outrem.

Que vença o pior IV. Uma vitória numa final Brasil X Argentina ou Brasil x Alemanha elevaria aos píncaros nosso incontido prazer de rivais. Não apenas veríamos nosso adversário favorito derrotado, mas seríamos nós os algozes. Mas isto é razão. Nada a ver com futebol.

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