A fogueira de Brasília não arde apenas nos gramados da Esplanada dos Ministérios, onde a sinistra pareceu ter esquecido a mediação da política e partido para o confronto físico. Com o PIB, a ética e a política em queda, o cenário anuvia-se sobre o Palácio do Planalto.
O editorial do Estadão, que se alinhou na primeira hora ao impeachment de Dilma Rousseff, indica que a paciência com o presidente Michel Temer pode estar se esgotando. Em “A liberdade de ação de um presidente”, o vetusto matutino adverte o mandatário-tampão.
“Se o presidente Michel Temer não agir prontamente e modificar a composição do grupo de colaboradores, corre sério risco de ficar isolado no governo, depois que a polícia, o Ministério Público e a magistratura fizerem seus serviços”. No final, pespega: a “Nação exige” que ele repense “seu grupo de colaboradores mais próximos”.
A impaciência com o Palácio do Planalto também emana das ruas. Os grupos capitaneados pelo PT e pela CUT mostram desinibição para afrontar o poder de Temer.
Do outro lado, aqueles que apoiaram decisivamente o impeachment de Dilma não parecem mais condescendentes com o presidente. Alertam que o peso de suas manifestações – a próxima programada para domingo, 4 – vai depender de como agir o homem forte do Planalto.
Em meio a um temerário conflito entre Legislativo e Judiciário, Temer corre o risco de se isolar. Ou, pior, tornar-se alvo central dos descontentamentos. Dos “Fora, Temer” e dos “Fora, Dilma”.
A antecessora começou a perder o jogo quando findou a paciência das ruas com ela. Temer está em desvantagem, pois já começou o mandato com a turba impaciente.