O PT de Haddad e seus satélites como o PSOL de Boulos repetem mecanicamente que Dilma Rousseff foi deposta por um “golpe”. Trata-se, na verdade, de uma estratégia propagandística.
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Serve principalmente como manobra diversionista, já que, com a tese, o PT foge da realidade de que meliantes do erário integravam as fileiras do partido, como demonstraram o Mensalão e a Lava-Jato. Ao mesmo tempo funciona como lenitivo, pois evita que seus seguidores tenham que encarar o declínio moral da sigla – afora o receituário econômico ultrapassado que perpetua as desigualdades.
Se a propaganda serve como consolo, a realidade desnudada é outra. A queda da mandatária foi legal e legítima, referendada por um Judiciário majoritariamente indicado por Lula e pela própria Dilma, aprovação maciça do Legislativo e apoio amplo das ruas.
Caso realmente acreditassem no que repetem não estariam os petistas de 2018 aliados com líderes do “golpe” de 2016. Assim como no passado de alianças frouxas meliantes tornaram-se companheiros, hoje um “golpista” deixa de sê-lo ao se transformar num aliado.
Calaram-se todos
E anote, leitor. Caso Haddad seja o próximo presidente da República, o leque de “golpistas” que passarão à condição de aliados vai aumentar. O cinismo é parte integrante da velha política que nivela por baixo PT, PSDB e MDB.
Enfim, se considerassem que Dilma foi ilegalmente deposta seria ela e não Haddad o candidato do PT à Presidência da República. Nada mais justo e reparador.
“Assim como no passado de alianças frouxas
meliantes tornaram-se companheiros,
hoje um “golpista” deixa de sê-lo
ao se transformar num aliado.”
Bem, ela foi reeleita em 2014, não poderia concorrer novamente. Ora, primeiro, o PT sempre soube que Lula não poderia ser candidato, mas insistiu no teatro pela conveniência da estratégia política e eleitoral.
Segundo, a própria Dilma foi alvo de uma gambiarra constitucional, já que deveria ficar inabilitada à função pública por 8 anos (art. 52, par. único da Constituição). Terceiro, caso fosse Lula que tivesse sido deposto e não Dilma, os advogados do PT certamente buscariam uma forma de apontar a excepcionalidade do imbróglio.
Argumentariam que se trataria de uma situação jurídica inédita. Caso houvesse interesse político, o PT já teria buscado os meios legais para redimir a presidente, mesmo que fosse apenas como estratégia propagandística.
Seria uma forma de oferecer aos eleitores a oportunidade para devolverem o poder à mandatária deposta. Mas, como se viu, calaram-se todos.
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Nada fizeram porque sabem que a ex-presidente é responsável pela maior recessão econômica da história. Recessão que desempregou milhões de trabalhadores e cerrou as portas de milhares de empresas.
Nada fizeram porque não querem correr o risco de ver as urnas confirmando o que Legislativo, Judiciário, Ministério Público, Polícia Federal e as ruas atestaram. Qual seja, do ponto de vista moral o PT é igual ou pior do que seus adversários.