O deputado Jair Bolsonaro, que foi esfaqueado na tarde desta quinta, 6, em Juiz de Fora (MG), cresce nas intenções de voto à medida que aumenta a renda e a escolaridade dos eleitores. A conclusão está na última pesquisa do Ibope, encomendada pela TV Globo e pelo Estadão.
Tanto na pesquisa espontânea quanto na estimulada a curva é crescente. Lula, que aparece apenas na espontânea, apresenta números opostos. Quanto mais pobre e menos escolarizado, maior o apoio a Lula.
Quando a manifestação é espontânea, na segmentação renda, Bolsonaro tem 9% (até 1 salário mínimo), 14% (de 1 a 2 SM), 22% (de 2 a 5 SM) e 26% (mais de 5 SM). Lula, ao contrário, tem 33% (1 SM), 25% (de 1 a 2 SM), 16% (de 2 a 5 SM) e 14% (mais de 5 SM).
Na segmentação escolaridade a tendência se repete.
Bolsonaro tem 7% (até a 4ª série do fundamental), 10% (5ª a 8ª série), 20% (ensino médio) e 25% (ensino superior). Lula, no sentido oposto, tem 35% (até a 4ª série do fundamental), 32% (5ª a 8ª série), 19% (ensino médio) e 11% (ensino superior).
Já ganhou
Dois outros números chamam a atenção no levantamento do Ibope (BR‐05003/2018), coletado entre 1 e 3 de setembro. Bolsonaro é disparado o candidato apontado como o próximo presidente da República, independente da intenção de voto.
“Um preso [Lula]
e outro convalescente [Bolsonaro],
ambos continuarão
ditando o ritmo das eleições.”
38% dos entrevistados acham que o capitão da reserva será o próximo presidente do Brasil. O segundo apontado como provável vencedor, Geraldo Alckmin, tem 10%. Como a pergunta é estimulada, Lula não aparece como opção.
Aqui a tendência crescente é a mesma. Quanto maior a renda e a escolaridade, maior a certeza da vitória de Bolsonaro.
Por fim, o Ibope quis saber qual o percentual de transferência de votos de Lula para Fernando Haddad. 53% dos entrevistados não votariam em Haddad de jeito nenhum, contra 22% que votariam com certeza.
Preferidos nocauteados
Numa análise simplificada, Bolsonaro é o candidato da elite econômica e instruída. Lula representa os mais pobres e com menor educação formal.
Ainda não é possível medir o quanto a facada que feriu Bolsonaro vai influenciar o eleitorado. Do leito hospitalar em Juiz de Fora, um dos desafios do deputado agora é ampliar o número de eleitores entre os mais pobres e com menos escolaridade – a maior fatia do eleitorado.
Se a posição de vítima tiver alguma influência sobre os votantes, mais do que garantir uma posição no segundo turno das eleições de 2018 ele poderá fincar um pé no Palácio do Planalto. Convalescente, Bolsonaro terá tempo de sobra para elaborar a nova estratégia eleitoral.
Faltando 30 dias, o pleito adquire contornos cada vez mais inéditos e imprevisíveis, onde os dois preferidos assumem o papel de vítimas. Lula, o preferido, está preso e impedido de concorrer.
Bolsonaro, o segundo na preferência popular, hospitalizado e, não se sabe por quanto tempo, impossibilitado de fazer campanha ostensiva nas ruas. Um preso e outro convalescente, ambos continuarão ditando o ritmo das eleições.