Michel Temer é um presidente impopular. Ar blasé, ele mostra desconforto quando confrontado com esta informação.
Mas, por inteligente, sabe ser inútil brigar com a realidade. Qual seja, 12,1 milhões de desempregados. E subindo. 4,7 milhões de empresas inadimplentes. E subindo.
Nesta quinta, 29, afirmou que seu mandato “há de ser um governo reformista, um governo das reformas“. Ao testar o bordão, o presidente pode estar moldando a marca de sua gestão.
Três circunstâncias facilitam esta empreitada. Primeira, como não conta com o aplauso das ruas, não precisa se preocupar (por enquanto) em perder pontos com os eleitores. Segunda, (por enquanto) o establishment rejeita demovê-lo da presidência da República.
Além disso, (por enquanto) nada de braçada no Congresso Nacional, onde o apoio às reformas é imprescindível. Temer pode estar, assim, construindo seu espólio. Reformar em pouco mais de dois anos o que seus antecessores pós-ditadura não reformaram em 30.
Legislação trabalhista, educacional, política, tributária, previdenciária, fiscal e sabe-se lá mais o quê. Certo é que ele está tentado dar um rumo para seu mandato-tampão. Em tempos de Lava-Jato e de desemprego, só não é possível apontar onde este caminho vai dar.