A reflexão sensata de Humberto Costa

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Senador Humberto Costa. - Foto Orlando Brito

O PT nunca mais será o mesmo. Fundado com a ambição de ser o partido da retidão e da esperança foi deflorado pela empáfia de suas lideranças, a ambição de alguns de seus integrantes e a convicção sectária de que está sempre certo e os adversários sempre errados – o que justificaria os malfeitos.

Hoje, agarra-se a um discurso propagandístico monocórdio na tentativa de deslegitimar o presidente Michel Temer – que foi empossado pelo Congresso, pelo Judiciário e pelas ruas. Trata-se de um discurso único que serve como bordão político de autocomiseração e como escudo para esquivar-se do debate sobre o desastre político, econômico é ético do governo Dilma Rousseff.


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Em meio à intolerância política, traço atávico das esquerdas, surge uma voz dissonante. No último fim de semana, em entrevista à revista Veja, o senador Humberto Costa exibiu sensatez.

Ele reconheceu os erros da sigla. Admitiu que a população não tolerava mais o governo Dilma (assim, como não está satisfeito com Temer), que houve corrupção e que é necessária uma autocrítica. Acha que o partido deve pedir desculpas aos eleitores.

Expôs, também, a divisão eterna da agremiação, onde as tendências (micropartidos) são institucionalizadas. Há um grupo, comodista, que prefere ficar gritando “Fora Temer” como escapatória para não encarar a realidade da sigla que se entregou ao vício da gatunagem, como demonstrou a operação Lava-Jato.

Por fim, ao condenar o “enfrentamento permanente”, propôs um caminho de volta à oposição – papel que o PT exerceu melhor do que o de situação. Para isto, em vez de ficar gritando palavras de ordem que só os esquerdistas acreditam, sugere a proposição de alternativas ao que chama de “desmonte” promovido pelo Governo Temer.

Não há indicações de que Humberto Costa será ouvido. Atitude desta magnitude não prosperará sem o aval de Luiz Inácio Lula da Silva. De qualquer jeito, trata-se de um oásis no meio da gritaria estéril e histérica dos companheiros inconsolados com o poder e as regalias perdidas.

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