Weintraub pode ser largado à própria sorte

Presidente Jair Bolsonaro e Weintraub - Foto Orlando Brito

Quem planta vento, colhe tempestades. Mesmo a atual diplomacia sem-noção do Brasil tende tirar o corpo fora. Depois da escapada espetacular para os Estados Unidos usando um passaporte diplomático que legalmente não poderia ter mais validade e do abaixo-assinado de mais de 200 personalidades contra sua indicação para uma diretoria do Banco Mundial, o ex-ministro Abraham Weintraub agora é alvo de uma carta da associação dos funcionários da instituição. A entidade pede ao comitê de ética do Bird que suspenda a indicação e analise os pronunciamentos públicos de Weintraub de cunho racista e contra as minorias, além das ofensas ao STF.

Os ministros Araújo e Guedes – Foto Orlando Brito

Raras vezes se viu indicação tão problemática de um brasileiro para a entidade, e o governo brasileiro já discute se vale a pena brigar por ela num forum multilateral, no momento em que o Brasil está numa situação de fragilidade internacional. Responsável formal pela nomeação, o ministro da Economia, Paulo Guedes, deixou claro a auxiliares que não vai batalhar pelo polêmico Weintraub. Além de não ter maiores afinidades com o ex-colega, Guedes manifestou internamente temores de que o ex-ministro da Educação resolva ter uma atuação solo no Bird, sem se reportar à equipe econômica e comprometendo as posições do país – que, diga-se, já estão para lá de comprometidas nesses organismos.

O chanceler Ernesto Araújo é provavelmente solidário ao ex-colega ideológico, mas os diplomatas que atuam junto às instituições multilaterais dificilmente vão suar a camisa pela nomeação de Weintraub – que, diga-se, nega o próprio multilateralismo. em sua visão de  mundo.

O ex-ministro de Bolsonaro em uma de suas postagens já nos Estados Unidos

Tanto a área diplomática quanto a área econômica só vão arregaçar as mangas e enfrentar o desgaste de trabalhar a favor da indicação de Weintraub se receberem ordem expressa do presidente Jair Bolsonaro nesse sentido. Coisa que, nas cercanias do Planalto, muita gente considera improvável.

O presidente pode até manter o discurso para agradar sua base ideológica e manter o próprio ex-ministro calmo. Afinal, tudo de que não precisa hoje é mais um ex-ministro chutando o pau da barraca. No fundo, porém, ficou irritado com o comportamento de estrela de Weintraub, disputando holofotes no Planalto, e não vai quebrar lanças por ele.

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