Com suas ações no STF contra a votação do impeachment, o governo tenta, pela via judicial, ganhar tempo para tentar virar um jogo que está para lá de desfavorável. Esse desespero todo poderia ter sido evitado se sua bancada na Câmara tivesse feito o dever de casa ao longo das últimas semanas.
Poucas vezes se viu uma tropa de choque governista tão inoperante em matéria de manobras de plenário e recursos de obstrução. Inacreditavelmente, o calendário estabelecido por Eduardo Cunha está sendo seguido à risca e o Planalto até agora não conseguiu adiar um minuto sequer a discussão e a votação para evitar que ela seja feita num desfavorável domingo, do jeito que Cunha quer, na hora em que Cunha quer.
Nunca se viu isso antes em votações importantes no Congresso, em que mesmo a minoria, quando competente no regimento e afiada no jogo de plenário, consegue atrapalhar bastante e até inviabilizar certas decisões de plenário. Muita gente se lembra da canseira que José Genoíno, por exemplo, dava nos governistas na época em que era líder do oposicionista PT e sabia o regimento de cor e salteado.
Pedir ao STF para apitar o jogo quando o time de pernas-de-pau já levou uma goleada é sempre complicado.