Trapalhada na Justiça dificulta nomeação de novo ministro

Ministro Alexandre Moraes

O governo Michel Temer começa a semana do Carnaval – um período delicado no quesito segurança – sem ministro da Justiça, e muito menos da Segurança. Interlocutores do presidente trataram de espalhar que ele ficou agastado com o desfecho da negociação com o ex-ministro do STF Carlos Velloso, que fez que foi e acabou não indo. Mas de quem é a culpa pela trapalhada? Do próprio Planalto.

 


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Já ficou mais do que claro que o modelito de escolha de ministros em uso pelo atual governo não é dos mais inteligentes. Jogar nomes na imprensa, como Temer fez também no caso da recente escolha para o STF, e deixá-los expostos à chuva e ao sol pode parecer um bom método para eliminar concorrentes indesejados ou polêmicos. Mas não é. Produz carvão e desgasta o próprio governo.

Que o diga o sério e competente ministro do TST Ives Gandra, que acabou fora do jogo do Supremo por suas posições excessivamente conservadoras. O prêmio acabou com o postulante mais insistente, Alexandre Moraes, que não por acaso é também o de maior confiança do Planalto e dos aliados para defendê-los no tribunal. Há quem diga que, desde o início, o plano era esse, e o noticiário estimulado sobre o tema terá sido espuma.

Mas esse método pode acabar também em tiros no pé. No caso da Justiça, é alto o preço que o governo paga por fazer o convite midiaticamente – em praça pública, como se dizia antigamente. A ida de Velloso – que seria de fato um grande nome – para conversar no Planalto virou notícia, inclusive no Twitter do próprio presidente a República.

O convidado deu entrevista, o senador Aecio Neves elogiou, tudo isso criando um clima de que o problema havia sido resolvido da melhor forma possível. Só que não. O jurista pensou melhor, foi conversar com a família e, sensatamente, recusou o cargo.

Presidentes da República não devem ficar expostos para receber “nãos” públicos. Passa a ideia de fraqueza. Agora, vai ser difícil para Michel não atender às pressões do PMDB para emplacar um político ou alguém indicado por eles no cargo.

A única certeza neste momento é de que são próximas de zero as chances de o novo ministro da Justiça e da Segurança Pública – se assim o Ministério permanecer – resolver os urgentes problemas que estão em sua pauta. Já vai chegar no cargo enfraquecido, com cara de segunda opção e solução meia-sola.

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