O presidente Michel Temer se reuniu neste domingo com o secretário Moreira Franco e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Na pauta, a prioridade das prioridades do Planalto na semana, que é aprovar a PEC do Teto em segundo turno na Câmara para mostrar força e dar um sinal de governabilidade ao país. Mas a agenda oculta e onipresente desta e de todas as reuniões de Brasília nas últimas horas foi apenas uma: o avanço da Lava Jato.
Michel Temer, seus assessores mais chegados e o próprio Maia passaram o fim de semana tentando apagar o incêndio da Operação Métis, que na última sexta-feira prendeu o diretor e três agentes da polícia legislativa do Senado. O diretor, Pedro Araújo, ainda está preso – os agentes foram soltos – e o presidente do Senado, Renan Calheiros, furioso.
Está sendo difícil convencer Renan de que não há no caso o dedo do ministro da Justiça, Alexandre Moraes, que deu entrevista justificando a operação e dizendo que a polícia do Senado “extrapolou”. Renan rebateu, dizendo que quem extrapolou foi ele ao falar sobre outro poder, e o clima é muito ruim. Temer chamou Moraes no sábado e cobrou explicações sobre a ação a fim de mostrar a Renan que nada sabia e nem autorizou. Mas o senador continua irritado.
Renan costuma dar o troco em plenário, e estão todos preocupados agora com a tramitação da PEC no Senado. O projeto depende muito da boa vontade do presidente do Senado, pois tem que ser aprovada em tempo recorde até o fim do ano.
Como se essa crise não fosse suficiente, o Planalto terá que administrar os avanços da Lava Jato, que virou uma espécie de peneira de denúncias contra políticos. Em destaque, a possível delação do recém-encarcerado Eduardo Cunha. O fato de essa negociação poder levar meses não vem impedindo vazamentos relacionados a Cunha, como o que atingiu o próprio Moreira Franco.
Apesar das negativas, a ideia de dar status de ministro ao secretário do programa de investimentos e privatizações está, sim, na pauta, para garantir a ele o foro privilegiado do STF. Mas já começou a ser bombardeada por todos os lados, inclusive o dos que apoiaram o impeachment. A advogada Janaina Paschoal, por exemplo, comparou em seu Twitter o expediente à tentativa de Dilma Rousseff de nomear Lula para a Casa Civil, bloqueada pelo STF como tentativa de obstruir a Justiça. Vai ser difícil.
Como se vê, a semana não começa nada fácil no Planalto…