Brasília não respeita lutos, e a disputa em torno da sucessão de Teori Zavascki já corre solta por aqui. Boa parte do establishment político já está convencida de que o nome a ser indicado por Michel Temer não ocupará a função de relator da Lava Jato, por diversas razões, a começar pelo tempo que levará a sabatina e aprovação do Senado. Interlocutores de Temer concordam também que tanto o presidente quanto o sujeito que for indicado ficarão extremamente expostos na indicação de um relator, o que não é bom para ninguém.
Mas, ainda que a ministra Cármen Lúcia venha a determinar a redistribuição do processo da Lava Jato para um dos atuais ministros, a indicação para a vaga de Teori será um voto fundamental para os rumos dessa e de outras ações, podendo inclusive mudar a maioria em diversos casos. Por isso, o Planalto acha que não pode errar.
E o que é errar? É, nessa definição política peculiar, ter o tipo de experiência que o PT de Lula e de Dilma teve com seus nomeados Joaquim Barbosa e Luiz Fux no STF, por exemplo.
Nessa linha, começou a pressão a favor de nomes saídos do governo, como os ministros Alexandre Moraes é Grace Mendonça, possibilidades para lá de remotas. Aliás, a defesa que o ministro Marco Aurelio Mello fez hoje do nome de Moraes foi interpretada por aqui como uma maneira de queimá-lo de vez.
Nas últimas horas, apareceu também o nome do ministro do TCU Bruno Dantas como alternativa. Ligadíssimo a Renan, contentaria o PMDB e os políticos acusados, mas seria uma fonte de desgaste para Temer junto aos demais ministros do STF e ao Ministério Público.
A alternativa Sérgio Moro, lançada nas redes, não está sendo levada a sério pelo Planalto e pelos políticos. Além de subverter a hierarquia do Judiciário – é um juiz de primeira instância – seria, para o governo e seus aliados, um tiro no pé. Saindo Moro de Curitiba, ficariam livres dele o ex-presidente Lula, Eduardo Cunha e todos os outros petistas processados e presos lá, como Antônio Palocci, José Dirceu e João Vaccari. É tudo o que o PT quer. Ao mesmo tempo, ele ficaria impedido de tratar o assunto no STF.
A escolha, portanto, não é tão fácil assim, e por isso as apostas são de que Temer vai optar por uma saída “técnico-pessoal”, o que não será difícil para um constitucionalista: indicar um jurista reconhecido, mas de sua confiança e afinidade política, que naturalmente terá inclinação a votar com o governo e seus aliados.
Por aí, crescem os nomes do ministro Ives Gandra Filho, presidente do TST, do ex-procurador de SP Luiz Antônio Marrey, e do advogado Antônio Claudio Mariz.