A primeira entrevista do general Braga Netto e demais integrantes da cúpula da intervenção na segurança do Rio provocou certa ansiedade na área política do Planalto e do estado. Ele apresentou um organograma detalhado do gabinete que vai comandar as operações, cheio de quadrinhos, divisões e subdivisões de áreas funcionais – dando ênfase à integração entre os órgãos responsáveis – falou menos de meia hora e foi embora.
Sem nenhuma antecipação de medidas operacionais nem decisão de caráter mais bombástico, a imprensa, obviamente, está reclamando da falta de novidades. E os políticos que se agarram ao marketing da intervenção ficaram preocupados, achando que tudo está muito lento e não renderá resultados perceptíveis pela população no curto prazo.
É bom que fiquem mesmo preocupados, até porque, ao que parece, se a intervenção foi marqueteira, o interventor não é. Como disse o próprio Braga Netto na entrevista sem frases de efeito, bem pé no chão, “a intervenção é um trabalho de gestão”. A integração entre os diversos órgãos e o combate aos chamados “gargalos” da segurança do Rio a partir de um comando conjunto não se fazem do dia para a noite.
Mais do que isso, só haverá redução da criminalidade e uma melhora da capacidade operativa da segurança do Rio em bases permanentes com um trabalho consistente, que exige planejamento e leva tempo. Quanto tempo? Ninguém sabe.
E é aí que entra a ansiedade dos políticos, medida em meses de contagem regressiva para as eleições de outubro. Já perceberam que Braga Netto é pouco afeito a jogadas para distrair o distinto público e espetáculos marqueteiros.