Alvo de quase uma dezena de investigações relacionadas à Lava Jato, o presidente do Senado, Renan Calheiros, é reconhecido por gregos e troianos como o mais esperto quadro político da atualidade. Depois de ter se aproximado do presidente do STF, Ricardo Lewandowski, durante os meses de tramitação do impeachment na Casa, hoje Renan fez mais dois agrados: arquivou rapidamente um descabido pedido de impeachment do presidente do Supremo e, diante das difículdades de aprovar em plenário o aumento salarial da Corte, propôs sua desvinculação dos demais salários do serviço público.
Cono o salário de ministro do STF serve de referência como teto não só do Judiciário, mas de todo o funcionalismo, este é, sempre, o principal obstáculo aos aumentos, que provocam reajustes em cascata. A desvinculação evitaria isso.
Melhor do que ninguém, porém, Renan sabe tratar-se de uma solução inviável no momento, já que depende da aprovação de uma emenda constitucional. Mais do que isso, tal modificação desmantelaria todos os princípios de isonomia, razoabilidade e proporcionalidade em relação aos salários do serviço público, sobretudo a instituição do teto, considerada moralizadora.
Mas o presidente do Senado está disposto a ser uma mãe para o STF enquanto rolam os inquéritos nos quais foi mencionado.