Acabo de retornar de uns dias de férias com netinhos na Disney, onde o sucesso total são os brinquedos de realidade virtual em que, com simuladores e óculos de 3D, você viaja pelo mundo, despenca de montanhas altíssimas, vai para o espaço e passeia no fundo do mar, com direito a todos os sustos e solavancos imagináveis. Mas esses sustos e solavancos não são nada diante dos que encontro por aqui. O mercado já trabalha com a alternativa Bolsonaro se ela evitar Lula??!! Michel é candidato à reeleição??!! Uau!!! Eles andam mais doidos do que o Mickey, o Pateta e o Capitão Cueca juntos…
Tento uma rápida apurática de feriado para descobrir o que é que há. Acho que dá para concluir que vai ser mais ou menos como lá na Disney: você balança pra cá, balança pra lá, despenca de ponta-cabeça mas, quando tudo acaba, descobre que não saiu do lugar. Era só o simulador te chacoalhando.
Assim é com a candidatura virtual de Michel. É claro que o presidente sabe que não tem a menor chance, nem para a saída. Mas tem o tempo de televisão do PMDB e a caneta até 31 de dezembro de 2018, ativos nada desprezíveis numa campanha presidencial. E não quer virar o saco de pancadas da temporada. Então, está avisando aos navegantes do PSDB e demais forças de centro que só faz aliança com quem se dispuser a defendê-lo na campanha – e depois dela, se for eleito.
Uma exigência para lá de complicada, já que os candidatos do campo oposicionista terão a crítica ao atual governo como eixo de campanha. Por isso, Michel se apresenta. Mas não é para valer, é para ocupar espaço virtual. Esse movimento pode, sim, resultar numa candidatura de outro nome do PMDB, ou até do ministro da Fazendo, Henrique Meirelles, se a economia der bons sinais até abril. Só que aí, na improvável possibilidade de o governo ganhar status de eleitor importaante, vai haver muito mais gente de olho em seu apoio, como o próprio Geraldo Alckmin, por exemplo.
Tudo isso, porém, ainda tem a concretude de um voo a bordo da nave de Guerra nas Estrelas. De material semelhante, virtual, é a suposta aceitação de Bolsonaro, que vestiu a fantasia liberal, pelo mercado. Evidentemente, o mercado não tem outro objetivo que não seja o de ganhar dinheiro. Está se lixando para o país, para as desigualdades, para as crianças famintas e sem escola… Mas não é burro. Acima de tudo, tem memória dos tempos do governo Lula, quando nadou de braçada e lucrou como nunca.
Nesses tempos de realidade virtual, vale tudo para enganar os trouxas. Mas a brincadeira dura pouco, o simulador para, os óculos são retirados e só resta uma tremenda dor nas costas.