Fernando Haddad está fora dos debates – e, portanto, também dos ataques dos adversários. Como vice registrado na chapa de Lula, está rodando o país naquela condição de meio-candidato que, a princípio, parecia muito ruim mas que, ao fim e ao cabo, não parece ser tanto assim. Pelo menos é o que mostrou a rodada XP/Ipespe da semana passada, que lhe deu mais 4p.p. no cenário em que susbtitui Lula sem a informação de que é apoiado por ele e o coloca num segundo lugar, com 15%, quando é ungido pelo ex-presidente.
Dentro do PT, cresce a confiança de que seu candidato estará no segundo turno, de preferência contra Jair Bolsonaro, o que pode lhe abrir o caminho para a vitória. O que pode dar errado para Fernando Haddad?
Muita coisa, é óbvio, mas a principal delas seria o crescimento de Geraldo Alckmin a bordo do latifúndio televisivo que o tucano terá a partir do dia 31. Na visão dos estrategistas do PT, o adversário ideal para pegar no segundo turno é o deputado-capitão, que permitiria a Haddad agregar as forças de centro em torno de seu nome.
Nesse sentido, a declaração do ex-presidente Fernando Henrique esta semana sobre a possibilidade de uma aliança PSDB-PT no segundo turno foi comemorada nos bastidores petistas. Apesar das reações de outros tucanos, é certo que, numa situação assim, a maioria do PSDB não ficaria com Bolsonaro.
Mas a grande incógnita desse jogo é a capacidade de Geraldo desconstruir Bolsonaro e tomar dele a vaga no segundo turno. O PSDB vai jogar pesadamente contra o candidato do PSL na TV porque sabe que sabe qie agora é tudo ou nada, ou Geraldo ou Bolsonaro.
Um segundo turno PSDB x PT, como muita gente prevê, seria talvez um cenário menos aterrorizante para o país – até porque o radicalismo que o discurso petista exibe hoje não combina muito com a figura de Haddad – mas teria grandes chances de jogar as forças de centro no colo de Alckmin, dando-lhe a vitória.
Não ë só Alckmin que teria condições de atrair o centro num segundo turno contra o PT ou Bolsonaro. Ciro Gones trabalha para isso, imaginando que, se o ex-governador de SP não decolar, poderá ser esse personagem. Mas é difícil porque tem pouco tempo de TV, mesmo caso de Marina Silva, outra que teria condições de encarar o desafio.
A hipótese de um segundo turno entre Bolsonaro e Alckmin, também considerada, é hoje a mais remota. Para crescer, o tucano teria que tirar votos do deputado-capitão, numa equação em que aparece um ou outro.