A 40 dias das eleições, o crescimento do ex-presidente Lula nas pesquisas está levando alguns setores petistas a flertar com a ideia de esticar ao máximo a corda e não retirar a candidatura Lula até o último dos recursos ser julgado no STF – o que poderia ultrapassar o prazo de 17 de setembro para troca do nome nas urnas, levando a uma anulação futura dos votos dados ao ex-presidente e a um preocupante impasse institucional se ele for o vencedor do pleito. Esta não é, porém, a posição da maioria dos caciques do PT, que prefere tentar vencer com Fernando Haddad a melar as eleições.
Ao que se saiba, esta não é também a posição do principal interessado, o próprio Lula, que comanda as articulações lá de sua cela em Curitiba. Pragmático, ele estaria deixando correr a versão mais apocalíptica porque esta o fortalece nesse momento. Mas está monitorando passo a passo a trajetória de Fernando Haddad e, na hora certa -quempode ser a decisão do TSE no início de setembro – dará o sinal verde para a troca de candidatos.
Não interessa a Lula, nem do ponto de vista insitucional nem do pessoal relativo a sua defesa, tumultuar o ambiente a ponto de colocar em risco o processo eleitoral. Sabe que isso não o tiraria da cadeia. Ao mesmo tempo, sabe que tem boas chances de sair se o PT conseguir transferir seus votos e eleger Fernando Haddad – e talvez não fosse nem necessária uma anistia presidencial, mas a simples mudança nos ventos trazida pela eleição.
Por isso, embora o PT alimente as especulações de que vai radicalizar e manter Lula na cédula para melar a eleição, pouca gente acredita nisso. Lula vai tentar reverter a situação jogando dentro das regras do jogo, que considera hoje ter condições de vencer.