Não se sabe ainda se a nova prisão do empresário Leo Pinheiro foi uma operação casada entre Brasília e Curitiba ou se foi um movimento solo do juiz Sérgio Moro e de sua força-tarefa. O inegável é que cria um ambiente favorável à retomada das negociações de sua delação premiada na Lava Jato, suspensa pelo procurador Rodrigo Janot após o vazamento de supostos anexos citando o ministro do STF Dias Toffoli.
O fato concreto é que, agora, a retomada da conversa interessa a quase todo mundo: ao próprio Leo, que precisa sair da cadeia e reduzir sua pena com a delação; a Moro e sua força-tarefa, que ainda correm atrás da bala de prata, aquela declaração cabal de que precisam para pegar o ex-presidente Lula; e ao próprio Janot, que precisa de um fato novo para rever sua atitude, que teve um efeito pedagógico positivo (os vazamentos se reduziram) mas lhe rendeu muita pancadaria sob a acusação de querer segurar as investigações.
Os únicos que não estão interessados na retomada das conversas da delação de Pinheiro são, obviamente, os muitos políticos citados, que vão bem além de Lula, incluindo PMDB e PSDB.
Como não há coincidências em investigações, tudo leva a crer que se tratou de uma combinação para montar o cenário para a nova negociação com o ex-executivo da OAS. No limite, pode ter sim uma reação de Moro e Curitiba contra Brasília, já que andam às turras. Mas o resultado dá no mesmo. Moro aproveitou um requerimento do Ministério Público de março passado sobre a destruição de e-mails de Pinheiro para decretar a nova preventiva. Aproveitou também a operação Greenfield, que levaria o empreiteiro em condução coercitiva para esticar sua permanência na cadeia.
Tudo indica, portanto, que vem novidade por aí. E, se os acertos não se concretizarem, Moro e os procuradores da Lava Jato já terão nas mãos o bode expiatório da Lava Jato, aquele empresário que, no final da narrativa, vai ficar preso para servir de troféu.