O primeiro desgaste de Michel Temer no governo, quem diria, não é com a economia, nem na relação com o Congresso e nem com a Lava Jato. É com as mulheres e os movimentos sociais que representam as minorias.
O presidente em exercício fez uma enorme engenharia política para montar uma equipe que lhe assegure a sobrevivência no Congresso – o que parece ter conseguido – mas esqueceu de trabalhar a imagem de seu ministério perante a sociedade.
Pode parecer um detalhe, mas é um detalhe que pode ficar maior do que tudo se a percepção de que o novo presidente é insensível aos pleitos dos movimentos da sociedade se espalhar. Hoje, em seu primeiro dia de governo, as reclamações são muitas e encontraram eco nas redes sociais e até na imprensa internacional.
Ainda há tempo de reagir para evitar a construção dessa narrativa, que desenha um presidente não apenas insensível às minorias – que, na realidade, são maiorias na população brasileira -, mas tenta grudar nele um carimbo antiquado, de político da velha guarda.
Evidentemente que ninguém espera ver Temer sair de bicicleta ou praticando surf. Sua senioridades e sua seriedade são, inclusive, atributos importantes para que ele construa a imagem de quem pode botar o país nos eixos e levá-lo à recuperação.
Mas seria importante que fizesse, o quanto antes, um gesto de apoio rumo à modernidade que reconhece hoje o espaço às minorias e a igualdade feminina como pilares da democracia.
Colocar mulheres e negros na equipe pode ajudar, bem como fazer gestos concretos na execução de programas sociais. Ainda há tempo.