Planalto tenta de novo encurtar impeachment

Comissão do Senado que processa o impeachment de Dilma Rousseff reuniu-se hoje para ouvir duas testemunhas de acusação. Foto Orlando Brito

A primeira tentativa não deu certo, mas os aliados do Planalto voltaram a se mobilizar para tentar encurtar os prazos na comissão do impeachment no Senado. Fizeram as contas e concluíram que, realisticamente, se forem ouvidas as 48 testemunhas da defesa de Dilma Rousseff, na comissão e no plenário, a função não acaba antes da segunda semana de setembro – e olhe lá.

Por isso, a senadora Simone Tebet (PMDB-MT) foi convocada para essa missão: chegou hoje ao plenário da comissão propondo que sejam votados diversos requerimentos de dispensa de testemunhas nos próximos dias. Simone foi autora da iniciativa que reduzia em 20 dias os prazos da defesa e da acusação, aceita num primeiro momento pelo presidente Raimundo Lira, que depois recuou ao ser avisado que o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, iria revogar sua decisão sob o argumento de cerceamento de defesa.

A nova tentativa tem menos chances de ser barrada pelo STF, porque a comissão tem poderes para aprovar esse tipo de requerimento dispensando testemunhas. Mas é evidente que a defesa de Dilma não vai deixar barato e vai recorrer de novo a Lewandowski, que anda receptivo aos argumentos de cerceamento do direito de defesa.

Paralelamente, integrantes do Governo e do PIB reforçam o discurso de que a indefinição do impeachment assusta investidores e retarda a recuperação econômica do país.

Mas o fato decisivo mesmo é que o Planalto morre de medo de que algum fato novo, sobretudo relacionado à Lava Jato, venha a abalar a já frágil estabilidade do Senado, prejudicando a votação final do impeachment. Sabe que o tempo corre contra Temer, e por isso não vai desistir das manobras para apressar as coisas, ainda que isso represente um desgaste.

 

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