Não deu zebra, mas o dia de dificuldades para fazer a votação e, sobretudo, o placar com 12 votos a menos para o presidente Michel Temer, e seis a mais para a oposição, desenham o retrato de um governo frágil, em fim de linha. Se os 263 votos para enterrar a primeira denúncia ficavam perigosamente perto da maioria absoluta da Câmara – e muito longe do necessário para aprovar uma emenda constitucional -, agora fica claro que o Planalto não alcança nem os 257 necessários para se fazer qualquer coisa no plenário da Câmara.
Nos próximos dias, Temer e seus articuladores palacianos vão fazer um tremendo esforço de ativismo governamental, enviando e tentando aprovar propostas no Congresso. Mas há dúvidas se conseguirá.
O crescimento da oposição, que teve 233 votos, e os discursos daqueles que enunciavam voto contra o presidente, deixaram claro a enorme dificuldade para votar reformas como a da Previdência. Essa reforma foi, aliás, o tema mais citado, depois da corrupção, pelos deputados que votaram contra Temer: “contra a reforma da Previdência” virou bandeira.
Rei morto, rei posto. O placar eletrônico nem esfriou ainda e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que fez uma condução correta da votação mas não trabalhou por Temer, já estava dando entrevista sobre a reforma de Previdência – que só tem alguma chance se for conduzida por ele. A agenda agora é de Rodrigo Maia.