Os banqueiros Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, e Roberto Setubal, do Itaú, entre outros pesos-pesados do PIB de carne e osso, acabavam se desembarcar de seus jatinhos no Terminal 2 do Aeroporto de Brasília para seguir rumo ao Palácio do Planalto quando foi divulgado o PIB estatístico do ano passado: a economia encolheu 3,6%, comprovando que passamos pela pior recessão desde 1930. O maior temor do governo, a esta altura, é que o número ruim, já esperado, venha a contaminar as esperanças de retomada insistentemente reforçadas nos últimos dias pela equipe econômica.
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A esta altura do campeonato, será um estrago para Michel Temer e seus aliados se uma nova lufada de baixo astral percorrer os setores produtivos. Por isso, o Planalto pretende amortecer a notícia ruim do PIB de hoje com a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, integrado pelos maiores empresários do país. É um espaço para que o próprio Temer e o ministro Henrique Meirelles injetem uma dose de otimismo nos empresários e na opinião pública, afirmando que o número divulgado olha pelo retrovisor, e que a retomada já começou.
Um dos argumenros da equipe econômica é que o setor agrícola vai puxar o crescimento no primeiro trimestre de 2017, depois de uma quebra de safra forte no ano passado. Vão apostar também na alta de commodities que está puxando os preços do minério de ferro.
O PIB em carne e osso, que disse presente à reunião de hoje para mostrar que continua apoiando Temer, acredita nisso – até porque está ouvindo o que quer. O problema é o resto do país, que sofre na carne os efeitos do desemprego e da recessão. Nesse sentido, o número mais dramático para a popularidade do governo e seu futuro político é o do consumo das famílias, que caiu espantosos 4,2%.