Não se sabe ainda quantas horas, ou até dias, vão se passar até que acabe o julgamento no TSE. Mas o debate da manhã confirmou a correlação de forças pró-Temer que já se desenhava ontem, defendendo a retirada dos depoimentos da Odebrecht do processo, portanto, esvaziando seu conteúdo. Tecnicamente, vai ficar fácil absolver a chapa, numa espécie de pedalada jurídica amparada no formalismo processual. O que se questiona agora, no meio político, é se a vitória nessa batalha vai levar Temer a ganhar a guerra.
O TSE pode mesmo ser um avestruz, para usar a imagem bem empregada pelo ministro Luiz Fux, mas a opinião pública não é. Nem a mídia, nem os partidos, nem os políticos que vão ter que se apresentar na eleição do ano que vem. Enquanto o tribunal julga, aparecem em média dois fatos negativos para Temer por dia. Só de ontem para cá, o noticiário em torno do uso do avião da JBS, com o desmentido do desmentido, o depósito de propina para o agora preso Henrique Eduardo Alves na conta de campanha de Michel, a notícia da delação de Lucio Funaro, a transferência de Rocha Loures para a Papuda, etc etc etc.
Nada indica que essa sangria, que já está mudando os ânimos dos tucanos que ainda queriam ficar no governo, não irá continuar. Segunda-feira, ou em algum outro dia no futuro, o PSDB pode concluir que não vale mais a pena, a pouco mais de um ano da eleição, ter sua imagem amarrada a esse governo. Sobretudo se isso exigir apoio explícito, ao vivo e em tempo real, numa votação da denúncia contra o presidente no plenário Câmara.
Dependendo do clima pós-julgamento, há risco real de debandada. Afinal, quem está se saindo bem no debate, transmitido ao vivo, é o relator Herman Benjamin. Inesperadamente, Luiz Fux também está brilhando na defesa aguerrida da inclusão dos depoimentos da Odebrecht no processo. Tudo indica que o lado perdedor, ao qual se juntou Rosa Weber, levará a vitória moral.