O governo vai usar todo o seu capital político para aprovar a PEC do Teto nas próximas semanas. O assunto é considerado tão importante que, nas conversas para cabalar votos, os interlocutores de Michel Temer vem usando o argumento de que a emenda do novo regime fiscal está para o ajuste das contas públicas da mesma forma que o Plano Real esteve para o combate da inflação.
Não há como negar que, em termos de articulação congressual, este governo dá de dez a zero no antecessor. E está fazendo tudo certinho no caso da PEC. Botou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na peregrinação atrás dos votos, escolheu bem o relator Darcisio Perondi – da bancada da Saúde -, está promovendo dezenas de almoços, jantares, lanches e cafés dos ministros do Planalto com parlamentares. O próprio Temer já entrou nas conversas.
Tudo indica que, ainda que alguns dias além do apertado calendário previsto, a PEC do Teto será aprovada. Um gol de placa que vai agradar o mercado enos investidores e ajudar a resgatar a credibilidade no ajuste fiscal.
Para esse clima perdurar, porém, será necessário continuar, ou seja, aprovar mais medidas duras para conter as despesas públicas. Sem a reforma da Previdência, por exemplo, não há como cumprir o teto e as contas não vão fechar.
É aí que a coisa pega. Na própria base governista há receios de que, uma vez aprovado o teto, a maioria dos deputados e senadores vai considerar já ter dado a sua contribuição ao governo no quesito das medidas impopulares. E vai ser muito, mas muito mais difícil mesmo, aprovar mudanças drásticas no regime das aposentadorias, aquele assunto que mexe com a minha, a sua, a nossa vida.