Partidos que chegam ao governo costumam mesmo ser palco de disputas acirradas pelo poder. Isso é normal. O que não é, porém, é vê-los se transformar em ringue de MMA, dando shows de pancadaria pura, como está acontecendo agora com o PSL e Jair Bolsonaro. Só que o direto que a Polícia Federal de Bolsonaro deu no queixo do presidente do partido, Luciano Bivar, na operação de busca e apreensão que selou o rompimento de forma irreversível ameaça nocautear o restinho de governabilidade que o Planalto ainda tinha no Legislativo.
Quem vai votar alguma coisa importante para o governo – excetuando-se a Previdência, já na reta final – nesse estado de coisas? Nesta terça, o PSL aliou-se ao PSOL contra uma medida provisória do presidente. Destituiu o líder do governo. Major Vitor Hugo, da comissão que analisa a Previdência dos militares. O que mais fará? O céu é o limite.
Há quem diga que a disposição de Bolsonaro de sair do partido – já que dificilmente tirará seu controle das mãos de Bivar – com um grupo de cerca de vinte deputados poderá criar um novo pólo de poder político. Ele pode escolher outra legenda com certa robustez, como o Republicanos (ex-PRB), e reorganizar a tropa. Mas é muito improvável, sobretudo se for meter na seara do Centrão – que já manda na Câmara e obtêm o que quer no governo sem ter que carregar Bolsonaro.
O mais provável é que os desastrosos movimentos políticos do presidente de atirar diretamente no próprio partido – como se não soubesse muito bem o que era o PSL quando nele ingressou – provoquem, sim, uma situação de caos político, inviabilizando o que resta da agenda econômica liberal de Paulo Guedes.
Jair Bolsonaro elegeu-se presidente da República mas parece não ter aprendido nadinha de nada da cartilha político-parlamentar. Se tivesse, saberia que as piores crises dos governos raramente são provocadas pela oposição. Nascem em casa. Ninguém mais capacitado para “explodir o quarteirão” – expressão de Roberto Jefferson ao detomar o Mensalão – do que um aliado, ou ex-aliado.