Se impopularidade furasse o chão, a deste governo e de seus aliados estaria hoje mais ou menos no terceiro subsolo depois da operação Registro Espúrio, que afastou o ministro do Trabalho, Helton Yomura, e fez busca e apreensão em apartamentos e gabinetes da bancada do PTB, como o do deputado Nelson Marquezelli. Eles são investigados pela participação em esquemas de registros irregulares de entidades sindicais na pasta, um feudo do PTB. Mas o fato de o Ministério do Trabalho estar vexaminosamente acéfalo neste momento parece ser o menor dos problemas.
Nelson Marquezelli, um veterano de seis mandatos, está calmo e deu entrevista agora cedo à TV dizendo que não tem nada a temer, informando com naturalidade que todos os deputados da bancada do PTB terão seus gabinetes investigados. E daí?
Daí nada. Marquezelli e a maioria de seus colegas de bancada são candidatos à reeleição e tem grandes chances de voltar em 2019. A legislação que encurtou as campanhas e acabou com as doações privadas vai ajudar muito nisso. Pior: o fato de ser alvo de investigação – e até réu denunciado – não está inibindo candidaturas. Muito pelo contrário.
No Senado, por exemplo, alvos de processos no STF por corrupção, como Renan Calheiros, Romero Jucá, Aécio Neves e outros – até quem já foi cassado uma vez, como Demostenes Torres – fazem campanha livres, leves e soltos. Ano que vem está todo mundo aí de novo, comandando o Legislativo.
É por isso que vai ficando difícil, ao cidadão comum, entender algumas diferenças de tratamento. Lula, preso, lidera as pesquisas mas será impedido de concorrer. Dilma, que não tem sequer uma denúncia formalizada contra si, já entra no alvo de adversários que querem impedir sua candidatura ao Senado por MG porque ela sofreu impeachment – embora o Senado nao tenha cassado seus direitos políticos.