Esse pessoal do Congresso dá nó em pingo d’água. Fracassada aquela tentativa de votar em plenário a anistia ao caixa 2, todo mundo sabia que o assunto ia voltar, embora não se soubesse como. Tal e qual aquele espírito que, lá do além, resolve voltar e baixar em outro “cavalo” a anistia ao caixa 2 vai encarnar agora no insuspeito pacote com as dez medidas anticorrupção sugeridas pelo Ministério Público. Entre elas, já estava lá a criminalização e o endurecimento das penas de punição do caixa 2. E agora o relator do pacote, deputado Onix Lorenzoni, que anuncia hoje nos jornais mudanças gerais, deixou claro que, nesse item, vai estabelecer uma diferença clara entre caixa 2 de campanha com origem lícita, que teria punição menor, e o que é comprovadamente fruto de propina, que teria uma penalidade maior.
Não se sabem detalhes do parecer de Lorenzoni, mas não será difícil embutir ali, na criminalização do caixa 2, um dispositivo anistiando quem cometeu o delito até então. Ninguém tem ideia também de como o deputado vai estabelecer, tecnicamente, os conceitos de “caixa 2 de origem lícita” e caixa 2 fruto de propina. Mas esse é o sonho de consumo da maioria dos políticos, sobretudo dos que não estavam no governo durante o Petrolão e outros escândalos e não têm, aparentemente, relação direta com os atos de corrupção que beneficiaram seus doadores.
A única certeza é que vem muita confusão por aí nessa mistura, no mesmo pacote, de medidas anticorrupção com reforma política e projeto contra abuso de autoridade – anunciada ontem pelo presidente do Senado, Renan Calheiros.