A queda do ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz da Secretaria de Governo não chega a ser uma surpresa no entorno do poder. Desde a briga com o guru da família Bolsonaro, Olavo de Carvalho, Santos Cruz ficou enfraquecido no cargo. A primeira reação do mundo político de Brasília, apesar de se tratar de um militar, é de lamentação. Nesses quase seis meses, Santos Cruz destacou-se por declarações sensatas e decisões no geral mais equilibradas no que a média no governo bolsonarista.
Acima de tudo, a demissão do general sinaliza mais uma vitória do grupo familiar-radical do governo, integrado por Olavo e pelos filhos do presidente – foi notório também o desentendimento de Santos Cruz com Carlos Bolsonaro.
Bolsonaro irá substituí-lo por um outro general, Ramos Pereira, mas o episódio não deixa de ser constrangedor para os militares palacianos. Primeiro, porque Santos Cruz desgastou-se na briga com Olavo sobretudo ao sair em defesa do vice Hamilton Mourão, alvo preferencial do filósofo. Indiretamente, o presidente está deixando claro que os radicais podem atacar seus auxiliares mais próximos.
Em segundo lugar, porque, há cerca de um mês, quando o chefe da Secretaria de Governo estava com a cabeça a prêmio, sua demissão foi evitada pelos decanos militares do Planalto, Augusto Heleno e general Villas Boas. O que ficou claro agora é que nem eles seguram os olavistas.