O governo conseguiu apoio na Câmara para aprovar a medida provisória que prorroga por três anos o prazo do Mais Médicos, mas há forte preocupação no Planalto quanto ao futuro do programa, que já trouxe ao país quase 7.000 médicos, a maioria cubanos. Sua debandada, a essa altura, seria um desastre.
A MP deve ser aprovada pelo Senado até o início da semana que vem e, do lado brasileiro, fica mantida a autorização para que os médicos estrangeiros continuem exercendo a profissão aqui sem necessidade de revalidação de seus diplomas.
O problema, porém, é que do lado cubano a disposição já não é a mesma em relação ao acordo. O governo Raul Castro está pedindo, por exemplo, um reajuste de 30% no pagamento que recebe por cada médico – atualmente, cerca de R$ 10 mil -, o que é muito complicado num momento em que Os recursos devem ser reduzidos pela PEC do teto dos gastos públicos.
Além disso, e acima de tudo, mudou a situação política: sumiram as afinidades ideológicas entre os dois governos, que deram base e viabilidade ao Mais Médicos, celebrado por meio da Organização Pan americana de Saúde (OPAS).
O governo de Raúl Castro, antes muito próximo dos governos petistas de Lula e de Dilma Rousseff, agora olha com desconfiança para a guinada dada na política externa do governo Temer. Teme, por exemplo, que o Brasil possa começar a facilitar dissidências de profissionais cubanos que não queiram mais voltar a seu país. Há dias, por exemplo, duas médicas que estavam no interior de São Paulo deixaram seus postos sem aviso e foram para os Estados Unidos.
Por essas e outras, o futuro do Mais Médicos é tão incerto quanto o das relações entre Brasil e Cuba.