É bem possível que, a esta altura, a pergunta esteja martelando na cabeça daqueles que sempre foram apontados como democratas e agora, por ressentimento ou interesse político, se omitiram: poderia ter sido diferente? Jamais saberemos, mas, quem sabe…
Quem sabe se esse vídeo em que Bolsonaro Júnior diz que um cabo e um soldado poderiam fechar o STF se a Corte embarreirasse a posse de seu pai tivesse sido divugado antes? Ou se o escândalo do WhatsApp não tivesse ido parar nas manchetes ainda no primeiro turno?
Ou, no limite, se Jair Bolsonaro não tivesse sido esfaqueado e continuasse fazendo campanha por aí, expondo o seu verdadeiro eu em debates e sabatinas? Ou, quem sabe, se lá atrás os petista e Ciro Gomes tivessem pensado mais no país do que neles?
Não adianta muito olhar para trás e fazer inventários dos erros se isso não servir de reflexão para mudar o futuro. Só que agora parece ser tarde demais, como atesta nossa pesquisa de cada dia, hoje a da CNT/MDA, que, a seis dias da eleição, coloca Bolsonaro com 57% dos votos válidos, contra 43% de Haddad.
Um pouco menos pior do que as mais recentes do Ibope e do Datafolha, mas ainda assim insuficiente para alimentar maiores esperanças de virada. Pode ser que, até o fim da semana, esses números se aproximem um pouco mais, tornando a derrota menos acachapante para o PT – e as perspectivas da oposição menos desanimadoras.
Até porque esses últimos dias da campanha, antevendo aquilo que poderá ser realidade daqui a pouco, mostram que muita confusão ainda virá pela frente. Afinal, nunca se viu, às vésperas de uma eleição presidencial, crise de tal tamanho do candidato favorito com a suprema Corte do país. E nem se ouviu tantas barbaridades desde o fim da ditadura militar.
Mas tem tanta gente dizendo que está tudo normal, não é? Que as eleições se desenrolam em ambiente de total tranquilidade e que a democracia é linda, não é?
Cada um é responsável por seu papel na história. E vamos a ela.