O velho Bolsonaro voltou agora há pouco, na solenidade que fez no Planalto para anunciar a volta do auxílio emergencial. Falou de novo em estado de sítio, ainda que ressalvando ser uma decisão em última instância do Congresso, peitou os governadores investindo contra suas medidas de lockdown, e disse temer “problemas sociais gravíssimos no Brasil” se elas forem mantidas. E daí? Daí nada.
Quase ao mesmo tempo, os presidentes do Senado e da Câmara, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, davam entrevista ao lado do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendendo que a iniciativa privada seja autorizada a vacinar trabalhadores, falando de vacinação, másara e isolamento social.
Enquanto isso, no Congresso, parlamentares do PT, do PSB, do Psol, entre outros, apresentavam à Mesa da Câmara um novo pedido de impeachment de Bolsonaro. Nas entrevista que se seguiu, falaram da crise militar que coincide hoje com o aniversário do golpe de 1964, mas em tom de absoluta tranquilidade.
“As Forças Armadas não são milícias, assunto que Bolsonaro conhece muito bem”, disse Marcelo Freixo (PSOL-RJ). “Fernando Azevedo não poderia ter sido mais explícito”, elogiou, por sua vez, Arlindo Chinaglia (PT-SP), falando da postura do ex-ministro em defesa do papel institucional dos militares.
Para quem entende de poder, a leitura geral das três cenas juntas é de que não vai ter golpe nem impeachment. E Bolsonaro vai continuar falando sozinho. O primeiro, por falta de apoio militar. O segundo, porque o Centrão é capaz de assegurar ainda os 171 votos na Câmara para evitar a abertura de um processo. O terceiro, porque falar é o que lhe resta.