A expressão “deu com os burros n’água” trai a idade da gente, mas não consigo pensar em outra melhor para definir o que aconteceu com aquela turminha da “nova política” que se vendia a peso de ouro em 2018. Virou pó. Símbolizando essa decadência, estão aí os episódios envolvendo os deputados Arthur do Val, flagrado em afirmações sexistas que até Bolsonaro considerou asquerosas, e Kim Kataguiri, que foi parar numa polêmica em torno do neonazismo.
Mamãe Falei e Kataguiri são a parte mais visível de um processo mais profundo de esvaziamento do MBL, movimento de direita que lançou essa turma e hoje não representa mais do que uma fatia muito pequena da sociedade. A eleição de Bolsonaro, seus desmandos, a situação do país e, sobretudo, os fatos revelados pela Vaza Jato – mostrando o lado político oculto da Lava Jato e reabilitando o ex-presidente Lula – mostraram que, acima de tudo, a “nova política” não existe.
Politicamente, o maior prejuízo da coincidência desastrosa que expôs Kataguiri e Mamãe Falei vai para a candidatura do ex-juiz Sergio Moro. O candidato do Podemos já não ia bem das pernas, isolado no Podemos, que não conseguiu atrair nenhum outro partido para fazer federação ou se coligar. A única aliança obtida até hoje era, justamente, com o MBL – e agora não vale mais um tostão furado.
Sem apoios externos e sem palanques – Mamãe Falei tirou mais um neste fim de semana, em SP – deve se intensificar o processo de corrosão política da candidatura Moro. Dentro do Podemos, é grande a pressão para que Moro seja abandonado na beira da estrada, ou seja, que o partido desista de ter candidato e use todo o rico dinheirinho do fundo eleitoral nas campanhas para os legislativos. A sete meses da eleição, as apostas no mundo político são e que Sergio Moro vai acabar deputado federal.