A maior insistência pela nomeação de Alexandre de Moraes para o STF partiu do próprio ministro da Justiça. Ao longo dos últimos dias, sobretudo, quando seu nome entrou em baixa na bolsa de apostas, Moraes – que é tucano mas também bastante amigo de Michel Temer – fez chegar ao presidente que queria muito a indicação e lutou para reverter a situação.
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Moraes trabalhou seu nome politicamente, garantindo o apoio dos principais caciques do PSDB e de ministros do próprio Supremo, como Gilmar Mendes, por exemplo, com quem tem boas relações. O ministro da Justiça, porém, não é unanimidade entre os futuros colegas no STF. Ninguém vai ficar contra ele, mas a presidente Carmen Lúcia e outros colegas tinham preferências diversas.
A cereja no bolo da articulação em torno de Moraes foi o apetite do PMDB, que passou a apoiar seu nome, garantindo assim a futura aprovação pelo Senado. Por quê? Porque o PMDB está de olho na pasta da Justiça. Não por acaso, o ministério ao qual está vinculada a Polícia Federal que investiga os acusados da Lava Jato.
Além disso, tanto o PMDB quanto outros políticos governistas citados, incluindo os da delação da Odebrecht, contam Moraes como um voto a seu favor. Mais do que isso, como um possível articulador de uma solução para separar os crimes de caixa 2 e de corrupção envolvendo parlamentares e candidatos.
Está explicado, portanto, por que Temer cedeu aos apelos, embora tivesse preferência inicial por um nome técnico, como o do ministro do TST Ives Gandra Filho: com Alexandre de Moraes no STF, o Planalto terá lá um fiel aliado e um defensor aguerrido, sobretudo nos emocionantes próximos capítulos da Lava Jato.