Michel Temer rezou para São PIB, o padroeiro dos presidentes aflitos, e ele veio. Ainda que os especialistas afirmem que o crescimento de 1% no primeiro trimestre não garante necessariamente o fim da recessão, e que muita gente aponte um segundo trimestre pior do que o primeiro, o que importa politicamente, para o Planalto, é o dia hoje. Michel e Henrique Meirelles já saíram batendo bumbo, e vão esticar ao máximo esse momento, repetindo incansavelmente que a recessão acabou, na tentativa de mudar o clima.
Se vão conseguir, é outra história. Mas quando o país perceber que a recessão não acabou – se ela não tiver acabado mesmo -, na divulgação dos resultados futuros, meses já se terão passado e a atual crise política, espera-se, estará resolvida, para um lado ou para o outro. Para Michel, importa o aqui e agora que pode manter o apoio do PIB (e aí não dos números, mas do establishment econômico de carne e osso) e de parte da base aliada, sob o argumento de que, afinal, as medidas e reformas do governo estão começando a surtir efeito na economia – e que seria um risco trocar o presidente agora.
Se essa conversa vai colar ou não, depende do andar das investigações do STF e dos vazamentos que, certamente, ainda virão. Depende da capacidade do Planalto de controlar o ex deputado Rocha Loures. E também TSE, é claro.
Não se sabe se o governo vai conseguir mudar o humor político e institucional a partir desse primeiro sinal de crescimento da economia, e nem se isso terá peso diante de fatos novos numa investigação de corrupção que atinge o coração do governo. Afinal, o santo pode fazer milagres, mas não costuma ajudar quem tem pecados muito pesados…