O ex-ministro Henrique Meirelles acaba de ser consagrado como candidato a presidente da República pelo PMDB porque virou uma espécie de galinha dos ovos de ouro do partido. Além de não fazer cara feia para as ofensas, vai tirar do próprio bolso os R$ 70 milhões para custear sua campanha, deixando o fundo eleitoral e partidário livre para os peemedebistas. Há informações também de que, sabe-se lá por quais mecanismos, irá ajudar a pagar outras campanhas da legenda. Um bom negócio.
Mais ainda porque nada disso impedirá os caciques peemedebistas de comerem o frango assado em poucos dias, numa das mais esperadas cristianizações eleitorais da história. Identificado demais com Michel Temer, Meirelles tem poucas chances de crescer e aparecer nas pesquisas, apesar do latifúndio televisivo e da maior estrutura partidária do país que acaba de garantir. Essa estrutura, com grande capilaridade, já está, aliás, a serviço de outras candidaturas Brasil afora – obviamente, não só nas Alagoas de Renan Calheiros.
Mas Meirelles quer ser candidato e o PMDB quer o dinheiro de Meirelles. Um casamento de conveniência simples assim. E depois? Depois nada. Uma separação civilizada, em que os dois ex-cônjuges saem felizes e satisfeitos, cada qual rumo a uma nova vida. O ex-ministro, tendo realizado seu sonho de homem público, pode continuar na política e até no governo, dependendo de qual seja ele. Se há algo que não se contesta são suas credenciais profissionais.
E o PMDB? Com o dinheiro sobrando, deve eleger uma boa bancada na Câmara, rivalizando com o PT na disputa pelo primeiro lugar, e terá forte influência nos rumos de qualquer governo com seu apoio no Legislativo. Tem grandes chances de continuar, por exemplo, com a presidência do Senado. E estará livre, leve e solto para celebrar os acordos que mais o beneficiarem.
O PMDB vai ficar por cima da carne seca. Afinal, quem quer eleger o presidente da República?
Em tempo: estou cansada de saber que o PMDB tirou o “P” e mudou de nome. Mas, com as memórias de quem, ainda criança, assistia, às vezes em casa, a reuniões em que o MDB de outrora tramava contra a ditadura militar, peço licença para não chamar este partido que aí está pelo nome daquele que um dia foi de Ulysses Guimarães e Tancredo Neves.