Em sua viagem ao Nordeste, o ex-presidente Lula vem reunindo a tropa petista e reforçando os laços com aqueles que foram seus principais aliados nas eleições passadas – caso, por exemplo, do PSB, que governa Pernambuco e praticamente já entrou na coligação do ex-presidente para 2022. Vem também se reunindo com movimentos sociais e setores importantes e visitando projetos que ajudam a trazer de volta à memória da população os anos de seu governo.
Mas a agenda paralela de Lula no Nordeste tem igual ou até maior importância política. Com mais de 60% dos votos na região, segundo as pesquisas, o ex-presidente vem se encontrando, em momento menos visíveis, com parlamentares do centrão e de outros partidos da centro-direita. Segundo relatos, tem sido quase um beija-mão de políticos, inclusive dos partidos mais governistas, como Dudu da Fonte (PP-PE), por exemplo.
Na Bahia, etapa final do périplo, Lula vai estar com políticos do PSD, como Otto Alencar, e do PP, como o vice governador João Leão. Os dois partidos têm aliança com o PT e assim devem continuar em torno da candidatura de Jaques Wagner na sucessão de Rui Costa.
A sinalização mais importe de Lula em relação ao Centrão, porém, foi dada ontem no Piauí do ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. Ex aliado dos governos petistas, Ciro não foi alvo de críticas ou qualquer tipo de admoestação por parte do petista, mas sim de um aceno. Lula não só minimizou a aliança entre o PP e Jair Bolsonaro como disse acreditar num rompimento em breve entre o atual ministros da Casa Civil e o presidente.
Não se sabe se Lula realmente acredita nesse rompimento, e nem se tão breve assim, mas o movimento político foi feito: está de braços abertos para receber seus futuros ex-aliados, sobretudo na região em que o PP é mais forte, o Nordeste.