Os nomes dos nove ministros, 29 senadores e 42 deputados que serão alvos dos inquéritos autorizados ministro Edson Fachin não constituem grandes surpresas, mas a lista vazada nesta tarde – possibilidade antecipada aqui em Os Divergentes sexta passada – é chocante. Choca e surpreende por sua dimensão, atingindo as cúpulas do Executivo e do Congresso, e, sobretudo, pela gravidade dos atos e crimes pelos quais serão investigados: corrupção passiva, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Aquela esperança de tudo se ajeitar com um discurso bem arrumado de caixa 2, pode esquecer. Pelo que indicam os pedidos da PGR acolhidos por Fachin, essa justificativa será aceita em poucos casos. Na maioria dos 83 pedidos de inquérito, a acusação de pagamento de propina dá o tom.
A investigação, é claro, terá que trazer provas, e há casos em que, nitidamente, se trata mesmo de caixa 2, sobretudo entre deputados como o pernambucano Jarbas Vasconcelos, por exemplo.
Mas, em sua maioria, os despachos iniciais já avançam numa liguagem forte e em acusações contundentes, como no caso do inquérito contra os dois principais ministros de Michel Temer, Eliseu Padilha e Moreira Franco: “há fortes elementos que indicam a prática de crimes graves”, diz o MPF, em trecho reproduzido por Fachin. A acusação de ex-executivos da Odebrecht é de cobrança de propina em troca da negociação de cláusulas em licitações de concessões aeroportuárias.
Caberá aos investigadores, durante os inquéritos, apurar quem é quem e quem fez o quê, separar o joio do trigo. Depois, caberá ao Ministério Público oferecer ou não a denúncia, e ao STF aceitá-la – quando só então começa o processo e o sujeito vira réu. Tudo isso pode levar anos.
Mas a certeza, nessa largada, é de que há muito mais joio do que trigo nessa lista.