Interlocutores do presidente interino Michel Temer amanheceram assustados, sob o forte impacto da divulgação das gravações do diálogo em que o hoje ministro do Planejamento, Romero Jucá, conversa com o presidente da Transpetro, Sergio Machado, sobre uma forma de “estancar a sangria” da Lava Jato com o impeachment de Dilma Rousseff, na Folha de S.Paulo. Estão levando ao presidente a avaliação de que Jucá tem que ser afastado do cargo ao longo do dia de hoje, pelo menos temporariamente.
A opinião predominante entre os interlocutores de Temer é de que o próprio ministro deveria pedir seu afastamento, sob o argumento de que vai voltar ao Senado para se concentrar em sua defesa. Em seu lugar, assumiria um interino, até para não caracterizar um pré-julgamento por parte do Planalto.
A preocupação no entorno de Temer é imensa. Além do risco de contaminar a votação da meta fiscal pelo Congresso, marcada para amanhã, o episódio atinge em cheio um dos principais sustentáculos do novo governo. Na sexta-feira, Jucá estava ao lado de Henrique Meirelles no anúncio da nova meta, e no fim de semana esteve com o presidente em reunião do núcleo duro do governo em São Paulo.
Ainda no entorno do presidente, há quem diga ter sido um erro insistir na nomeação de Jucá, resistindo aos alertas de quem achava que não deveria haver investigados da Lava Jato no Ministério. Ainda que ele seja afastado rapidamente, restarão sequelas. No mínimo, será mais um recuo de um governo titubeante com menos de duas semanas de existência – apenas poucas horas após a recriação forçada do Ministério da Cultura.