Jogada de risco: Alckmin defende ex-secretário preso na Lava Jato

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Geraldo Alckmin saiu-se bem ontem à noite na entrevista da Globonews, mostrando suas credenciais de político cauteloso e administrador experiente. Foi bastante apertado em temas como corrupção, Centrão e Lava Jato, sem perder o rebolado. Mas protagonizou uma inesperada jogada de risco, pouco condizente com seu temperamento e as atitudes que vêm mantendo até aqui em relação a acusados ligados ao PSDB e a seus governos: defendeu de maneira desabrida o ex-secretário e ex-diretor da Dersa Laurence Casagrande Lourenço, preso pela Lava Jato por acusações de desvios em obras como a do Rodoanel.

É a primeira vez que se vê Alckmin sair de sua posição de distanciamento em relação a tucanos enrolados com o Ministério Público e a Justiça. Quase sempre, ele os larga à própria sorte, dizendo que tudo tem que ser apurado e, quem for culpado, punido. E repete o seu mantra de que, se alguém “enricou” na poilítica, é ladrão.

No caso de Laurence, porém, disse e repetiu várias vezes acreditar que o ex-secretário, seria uma pessoa correta, e que está sendo injustiçado, e deu uma longa explicação técnica para justificar o que o Ministério Público considera como sobrepreço do Rodoanel. Alckmin elogiou Laurence pelo menos três vezes.

O candidato do PSDB terá tido seus motivos, e possivelmente um deles será a possibilidade de o ex-secretário, preso até hoje, perder a calma na cadeia e resolver fazer uma delação premiada ou algo assemelhado em plena campanha eleitoral. Mas o fato é que se trata de uma jogada de risco, pois não se sabe o que poderá aparecer em relação a Laurence nas investigações em curso.

No mais, o ex-governador mostrou que é um candidato preparado e um profissão da política. Apesar das diferenças de campo político e ideológico – que não os impediram de disputar as mesmas alianças – a entrevista mostrou que algumas das soluções para o país são as mesmas de todos os lados. Por exemplo: a “lupa”que Ciro Gomes disse que ia usar para examinar todos os subsídios e incentivos fiscais de oneram as contas públicas tem o mesmo objetivo do “pente fino” de Geraldo.

 

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