Janot pode botar relator da Lava Jato em saia justa

Independentemente do novo relator da Lava Jato, quem está com a faca e o queijo na mão nesta nova fase do processo é o PGR Rodrigo Janot. A bola voltou a rolar em seu campo ontem, quando os mais de 900 depoimentos dos 77 executivos da Odebrecht foram entregues a ele e sua equipe, que vão decidir quais dos mencionados ali serão alvos de inquéritos e posteriores denúncias e quais terão seus casos arquivados.

 


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Isso, por si só, já é um enorme poder, embora caiba ao novo relator dar seguimento às diligências e ações propostas e, mais adiante, a todo o STF receber e julgar as denúncias. Isso levará um longo tempo.

Mas o tempo do desgaste político é curto e, em Brasília, trabalha-se na base do imediatismo. O mundo político está apavorado com a possibilidade de divulgação desses nomes e dos detalhes das acusações. O maior poder de Janot neste momento é o de requisitar – ou não – a suspensão do sigilo dos depoimentos da Odebrecht ao relator.

Num acordo bom para os dois lados, ele deu à ministra Carmen Lúcia o argumento da urgência para a homologação da delação, sem pedir em troca a quebra do sigilo. Agora, ou daqui a pouco, na medida em que for soltando os pedidos de investigação e quiser ampará-los com elementos das acusações, pode mudar de ideia. Ou não.

A decisão final será do relator, mas é bom lembrar que já é bastante forte a pressão pela divulgação das delações da Odebrecht. Dependendo de quem for o indivíduo, haverá uma tendência a enrolar ou negar a quebra do sigilo.

Janot, às vésperas do encerramento de seu segundo mandato e cogitado por alguns para eventual reeleição, pode botar esse sujeito, e muitos outros, numa tremenda saia justa perante a opinião pública.

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