Entrevista no Jornal Nacional não faz ninguém ganhar eleição, mas uma besteira cometida ali pode atrapalhar muito. Esta é uma semana de nervosismo para o segundo pelotão de candidatos à presidência, que a partir de hoje vai passar pelo teste de William Bonner – que costuma ser bastante duro nas perguntas a presidenciáveis. Ao menos costumava.
Todo mundo se lembra, por exemplo, de Lula, em 2002, que levou uma saraivada de questionamentos mas acabou seduzindo o público com tranquilidade e simpatia com a então apresentadora Fatima Bernardes. Naquela semana, José Serra também ficou diante de perguntas difíceis. Assim como Dilma Rousseff, e, 2010 e 2014.
Quem teve a falta de sorte de começar a série do JN, hoje, é Ciro Gomes – que vai servir como uma espécie de teste da contundência de Bonner nesta temporada. Depois, virão Alckmin, Bolsonaro e Marina. Isso mesmo, só esses. Lula está proibido de dar entrevistas na cadeia, e, junto com Fernando Haddad, vai ficar de fora da rodada, para o bem e para o mal. Desconfia-se que mais para o bem.
O fato é que, com o líder nas pesquisas de fora das entrevistas, sabatinas e debates, esses perderam boa parte da graça, e funcionam como uma espécie de simulacro da campanha. Todo mundo sabe que a realidade não é aquela ali que está sendo mostrada. Afinal, o líder nas pesquisas não está lá.
Bom para Bolsonaro, que percebeu que só tem a perder ao comparecer nessas ocasiões e mostrar seu verdadeiro eu despreparado. Por isso, já dispensou sabatinas e até debates, como o da Jovem Pan, que seria hoje e já foi desmarcado. Ele vai ao JN, mas o eleitor continuará diante de uma realidade eleitoral paralela.