Força tarefa na berlinda

O procurador Deltan

Não se pode dizer que o ex-presidente Lula tenha alterado o rumo das coisas com seu pronunciamento desta quinta-feira à tarde, mas 24 horas depois da apresentação da denúncia em que o apontaram como comandante, maestro e general de um megaesquema de corrupção, quem entrou na chapa quente das críticas foi o procurador Deltan Dallagnol e seus colegas.

Até mesmo políticos adversários de Lula apontavam exageros no tom da acusação. Ao longo do dia, e sobretudo depois do pronunciamento de Lula se defendendo e apontando a pirotecnia, esse clima foi se fortalecendo. Na internet, propagaram-se memes com os diagramas da apresentação de Dallagnol e piadas desfavoráveis aos procuradores. A frase  “não tenho provas mas tenho convicções”, ainda que não tenha sido dita, viralizou.

A OAB se manifestou, acusando exageros dos procuradores. No início da noite, já eram muitos os comentaristas na TV e na web a considerar que a acusação da força tarefa teve um tom político e acabou por vitimizar o ex-presidente. As imagens de Dallagnol sorridente nos noticiários, fazendo piadas com a plateia de um evento nesta quinta-feira, também não ajudaram. Fizeram um contraste estranho com os trechos do pronunciamento que mostrava o ex-presidente entre emocionado e indignado.

Nada indica que a situação de Lula vai mudar e que o juiz Sérgio Moro deixará de acolher a denúncia e iniciar o processo, pelo menos na parte que diz respeito aos favores recebidos da OAS. A narrativa sem provas sobre o comandante da propinocracia, porém, ficou fragilizada – como ficaram também seus autores.

Há tempos a força tarefa da Lava Jato, ainda que mantendo apoio maciço da maioria sociedade, deixou de ser unanimidade. Cada excesso cometido – e este não foi o primeiro – vem sendo comemorado pelos advogados que trabalham nas defesas dos acusados.

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