Candidato do chamado baixo-clero a presidente da Câmara, o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) será recebido hoje às 15 horas pelo presidente Jair Bolsonaro. Além de delícias da culinária mineira, Fabinho Liderança, como é conhecido, vai levar um recado: se for eleito, votará todas as reformas da agenda econômica do governo, assim como seu principal adversário, Rodrigo Maia.
– Não vou botar as reformas para votar por governismo, nem por causa de toma-lá-dá-cá, mas porque eu acredito nelas – disse Fabio Ramalho ao Divergentes.
A ida do emedebista ao Planalto é uma contraofensiva ao gol marcado por Maia na semana passada, quando levou o apoio oficial do PSL de Bolsonaro à sua candidatura e conseguiu passar ao establishment político a ideia de que já estaria praticamente eleito. A perspectiva de apoio à agenda de Paulo Guedes – que, inclusive, teve papel decisivo no anúncio- levou outros partidos do campo governista, como o PSD e o PRB, a se acomodarem rapidamente na chapa de Maia. Antes de qualquer coisa, o atual presidente da Câmara conseguiu criar a aura de vencedor.
Mas pode não ser um passeio. A adesão governista afastou apoios na oposição, como o do PT, irritou companheiros do Centrão como o PP, e deixou também o MDB mais distante. Essas forças agora reavaliam se vão lançar candidato ou apoiar alguém. O alguém mais viável seria Fabinho, que tem a simpatia de muita gente.
Sua estratégia, no momento, é levar a decisão dos deputados para um segundo turno, que disputaria com Maia. Para isso, reuniu-se na semana passada com outros concorrentes, cuidando para que não desistam da disputa. Seu objetivo hoje é sair do Planalto com uma declaração de neutralidade de Bolsonaro.