O establishment econômico e midiático do país está inseguro e confuso, sobretudo depois das últimas pesquisas. Esses setores achavam haver se livrado do PT de Lula com sua prisão, e viram que não é bem assim. Morrem de medo de Jair Bolsonaro e têm desconfianças em relação a Ciro Gomes. Preocupam-se com as dificuldades de crescimento do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, e perceberam que Henrique Meirelles pelo MDB dificilmente será uma opção viável, assim como outros representantes nanicos da centro-direita.
Por isso, o PIB passou a olhar em direções nas quais nunca havia mirado antes, como as de Joaquim Barbosa, que sentado em casa chegou nos 10% nas pesquisas, e Marina Silva, que por enquanto parece ser a mais apta a herdar votos de Lula. Ainda é um olhar distante, cheio de dúvidas. Mas os pré-candidatos já perceberam isso e lutam nesse espaço.
Não por acaso, o DataFolha tirou Marina da toca, e hoje ela está, em entrevistas à grande imprensa, atacando o “Estado perdulário” e dizendo que a lei deve ser igual para todos, inclusive Lula – embora, contraditoriamente, seja sua herdeira aos olhos de muita gente. A ex-seringueira tem candidatura mas não tem estrutura partidária, e tem que lutar por alianças e apoios. Queimou as caravelas com as esquerdas e o PT em 2014 e, ao que parece, está procurando outra turma.
De Joaquim Barbosa, pouco se sabe. O grande ponto de interrogação em relação a seu programa de governo começa a incomodar aliados e integrantes desse chamado establishment. Alguns amigos tentam passar a ideia de que o ex-ministro do STF não será um irresponsável na economia e que vai cumprir os compromissos fiscais do governo até fazer reformas necessárias como a da Previdência. Esse discurso é música para os setores que temem que Barbosa chegue à cédula com um programa de esquerda, embora seja candidato pelo PSB.
Neste momento, Barbosa e Marina começam um duro embate por corações e mentes não só das elites, mas de todo o eleitorado. Há quem articule uma chapa com os dois juntos, mas quem os conhece sabe que se trata de um sonho de uma noite de verão – e que, se a convivência seria difícil na campanha, acabaria quase impossível num hipotético governo. Mas os caminhos da eleição passam pelos dois.