Esquerda respira por aparelhos, mas ainda vive

Haddad com esperanças em São Paulo. Crivella aparentemente consolidado no Rio. Fotos Orlando Brito
Haddad com esperanças em São Paulo. Crivella aparentemente consolidado no Rio. Fotos Orlando Brito

A boca de urna do Ibope da eleição paulistana divulgada agora está mais para o DataFolha do que para o próprio Ibope da véspera, que ficou longe do provável resultado. A grande novidade deste domingo é, como já se intuía ontem, o crescimento das esquerdas na reta de chegada. O petista Fernando Haddad, em São Paulo, e o PSOL, com Marcelo Freixo, no Rio, estão no segundo turno dos dois maiores colégios eleitorais do país. Mostram que a maior parte do mapa pode ser azul, mas ainda tem espaços vermelhos.

Fernando Haddad tem pouquíssimas chances de vencer João Doria na segunda rodada, já que o tucano quase levou no primeiro turno. Mas lavou a alma de um PT profundamente ferido e humilhado, mostrando que, apesar de tudo, o petismo não morreu, sobretudo em São Paulo. Trata-se de uma derrota anunciada com sabor de vitória.

No Rio, Freixo tem chances concretas de derrotar Marcelo Crivella num segundo turno, já que tem mais chances de fazer alianças – não só à esquerda, com Jandira Fegalli, mas com o eleitor de classe média do peemedebista Pedro Paulo. Desde já, seu bom desempenho fortalece o PSOL como polo importante à esquerda, com potencial para rivalizar e até substituir o PT em muitos lugares em eleições futuras.

Mas, se há uma lição no voto útil que parece ter levado os dois candidatos da esquerda ao segundo turno no Rio e em SP, é a de que talvez o eleitor tenha mais juízo e maturidade do que os partidos e seus caciques. Mostrou que, se não se unir, a esquerda desaparece do mapa, mas que, se souber se aglutinar – o que poderia ter feito antes de se dispersar em várias candidaturas – ainda detém uma fatia do apoio da sociedade.

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