Não se questiona a lisura do sorteio eletrônico do STF, mas a escolha do ministro Edson Fachin para relatar a Lava Jato mostra que o procedimento é pelo menos em parte previsível, já que ponderado com base nos números recentes da distribuição dos processos. Deduz-se que Fachin foi para a segunda turma porque tinha mais chances de ser sorteado. Uma ajudinha ao destino, que, pelo menos à primeira vista, mantém a Lava Jato nos rumos previstos.
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Por isso, não foi uma grande surpresa e as primeiras reações são de alívio entre os investigadores e defensores da Lava Jato. Afinal, se o sorteio recaísse sobre os nomes do trio Lewandowiski, Gilmar e Toffoli, uma boa parte dos políticos citados na delação da Odebrecht estaria agora comemorando como se tivesse ganhado na Mega-Sena – como bem disse aqui n’Os Divergentes o nosso Andrei Meireles.
A escolha de Fachin, para o meio jurídico, é o que se tem de mais próximo do perfil de Teori Zavascki: um juiz técnico, imparcial e, sobretudo, discreto. Não é, porém, garantia de que a Lava Jato, em sua versão foro privilegiado, vai mover céus e terras. Nem mesmo de que o sigilo da delação homologada esta semana será suspenso.
A tendência de Fachin, como ministro júnior do STF, o mais novo e inexperiente da Casa, é ser muito ponderado e consultar os colegas antes de decisões solitárias de impacto. E aí tirar a média. O que se comenta, nos meios jurídicos, é que, se o novo ministro relator trabalha junto com a presidente Carmen Lúcia, tem também excelente relação com o agora colega de turma Gilmar Mendes. Empate.