A palavra oscilação parece ter sido feita de encomenda para nós, jornaistas, analistas, institutos de pesquisa. Com ela, podemos apontar movimentos no quadro eleitoral sem arriscar dizer se houve, ou não, alguma mudança real. E fica todo mundo na mesma. Assim foi no Ibope de ontem, quando Jair Bolsonaro “oscilou” dois pontos percentuais para baixo no número de votos válidos, de 59% para 57%, e Fernando Haddad dois para cima, de 41% para 43%.
A diferença entre os dois ainda é de abissais 14 p.p a quatro dias da eleição, o que torna muito remota, remotíssima, uma reviravolta. Mas é evidente que a situação mudou um pouco em cinco dias, o que fica claro sobretudo no crescimento de 5p.p. da rejeição do candidato do PSL e na queda de 6 pontos no percentual dos que rejeitam Haddad.
Nesse ritmo, Haddad precisaria de mais umas três semanas de campanha para ultrapassar Bolsonaro, o que não terá, ou de um fato novo muito retumbante para sacudir o quadro – embora, ao que parece, venha sendo bem sucedida, a cada dia, a estratégia petista de bater na tecla da relação do adversário com a tortura e os riscos à democracia.
Não se pode dizer com certeza, porém, que o petista caminha para uma derrota acachapante, como se previa há poucos dias. Apesar de pisadas na bola como a referência errada ao general Hamilton Mourão como torturador, esta semana foi de Haddad, onipresente em dezenas de entrevistas e sabatinas ao vivo e protagonista de um programa de TV para lá de forte.
É possível que a diferença entre vencedor e vencido seja menor do que parecia há poucos dias – e que a oposição acabe maior do que se dsenhava. Não será um passeio, e isso é importante para impor limites a quem subir aquela rampa no Planalto.