Políticos experientes como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não fazem gestos desnecessários. Se ele disse hoje, depois de conferência no Lide, emprego anterior de seu pupilo João Doria, que não estaria sendo verdadeiro se negasse uma candidatura presidencial, é porque tinha a clara intenção de demarcar território. Por que, se a eleição é daqui a mais de um ano e meio e muita água ainda irá correr debaixo da ponte?
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O avanço do sempre ponderado Alckmin visa, sobretudo, a mandar avisos aos navegantes de seu partido e de seu campo político e ideológico. Nos últimos dias, as pesquisas mostrando o ex-presidente Lula em primeiro lugar na corrida presidencial disseminaram a intranquilidade nos setores mais à direita, que se apressaram em lançar soluções heterodoxas, como uma candidatura do próprio Doria, que vem conquistando espaço com seu comportamento midiático nesses primeiros meses na prefeitura de São Paulo.
No raciocínio da direita apavorada, João Doria poderia encarnar o “anti-Lula” melhor do que o trio tucano Alckmin-Aécio-Serra. Afinal, Lula já ganhou de Alckmin e de Serra. Aécio anda citado na Lava Jato, que também promete alcançar os outros dois. Até por ser um neófito na política, Dória teria mais facilidade para ser vendido como “o novo”.
Evidentemente, o resto da tucanada não está gostando nada dessa história, sobretudo o governador de SP. Aliados de Alckmin andam desconfiados de que os dois senadores, agora unidos nos infortúnios das citações na Lava Jato, estariam estimulando o movimento para disseminar a discórdia nas bases do governador. Daí a reação do próprio Alckmin e as negativas de Doria em relação a essa hipotética candidatura.
Tudo o que se diz ou faz hoje, porém, tem que ser relativizado. Só será candidato em 2018, seja de que lado for, quem sobreviver até lá.