Brasília amanheceu fazendo apostas sobre a permanência do ministro da Transparência, Fabiano Silveira, no cargo. Assim como Romero Jucá, há uma semana, ele foi gravado pelo homem-bomba Sérgio Machado, em conversas na casa do senador Renan Calheiros em que criticava a Lava Jato e dava conselhos sobre a defesa dos peemedebistas.
Se for usar o mesmo padrão do caso Jucá e, sobretudo, do episódio em que desistiu da nomeação do advogado Antônio Mariz para a Justiça por ter assinado documento com críticas à operação, Temer deve cortar a cabeça do auxiliar em poucas horas. Ideal mesmo seria que Silveira pedisse seu afastamento já nas primeiras horas da manhã, num modelo parecido com o de Jucá: uma licença sem volta para tratar de sua defesa e não constranger o presidente.
Nem assim, porém, o problema estará totalmente resolvido.
Diferentemente do que ocorria nesta hora há uma semana, há dúvidas no Planalto acerca da conveniência de tal gesto, que marcaria a segunda degola do novo governo por causa da Lava Jato. O temor é de que a segunda demissão de ministro em menos de três semanas venha a desgastar ainda mais o governo Temer, acentuando o clima de instabilidade instalado com a demissão de Jucá. Sem falar no risco de melindrar Renan, o verdadeiro padrinho de Silveira.
Isso ocorre justamente numa semana em que estará sendo testada a governabilidade da administração Michel Temer, ou seja, em que o governo deveria começar de fato.
Por isso, o Planalto pretende aplicar em Fabiano Silveira – que, nos bastidores, todo mundo sabia ser ligadissimo a Renan – o mesmo teste no qual Jucá foi reprovado: vai esperar algumas horas para ver se sua explicação colou e qual o tamanho do estrago na mídia. Como a gravação foi divulgada pelo Fantástico, num horário tardio, ainda não foi possível aferir se o comedimento dos jornais de hoje tem razões técnicas ou de opinião.”