Esta vai ser uma eleição de ricos e famosos, sem as contribuições das empresas – e com a permissão de que o candidato use recursos próprios – e com o encurtamento do tempo de campanha na TV, o que beneficia quem já é conhecido ou ocupa algum cargo. A corrida começou oficialmente neste domingo, com as primeiras convenções, e o centro das atenções vai ser São Paulo.
Lá, quatro dos principais candidatos foram lançados. O rico João Doria, pelo PSDB, coincidentemente no dia em que a Folha de S.Paulo mencionou, embora muito discretamente, que ele mora em uma das dez maiores mansões de São Paulo. Os tucanos tentaram dar uma demonstração de unidade na convenção, mas nem José Serra e nem Fernando Henrique – que torciam por Andrea Matarazzo – estavam lá.
O prefeito Fernando Haddad disputa a reeleição e está na categoria dos conhecidos e ricos que têm a caneta na mão. Mesmo assim, vai ter um páreo difícil. É o principal candidato do PT no pior momento da existência do partido. Sua campanha vai ser uma espécie de teste de vida e morte do PT. Ainda assim, levou um puxão de orelhas de Lula, que estava presente e disse que Haddad errou em não fazer propaganda de suas realizações. O ex-ministro Ciro Gomes também foi, representando o PDT. A ausência mais presente foi a de Dilma Rousseff – uma demonstração de que talvez o PT já tenha virado sua página.
O famoso apresentador de TV e deputado Celso Russomano também foi lançado neste domingo pelo PRB, com direito a discurso do ministro e pastor Marcos Pereira, que esqueceu dos tempos da aliança com o PT e partiu para cima de Haddad. Na convenção de Russomano, todos se perguntavam se ele escapará de ter sua candidatura cassada pelo STF num processo em que é acusado de usar uma funcionária paga pela Câmara em sua produtora. O processo afugentou aliados, que acabaram apoiando a candidatura Dória , que ficou com o maior tempo de TV.
Nada rica, e com fama relativa por ter sido prefeita há mais de vinte anos, Luiza Erundina foi também lançada pelo PSOL. Fez questão de compor uma chapa puro sangue com Ivan Valente, e por isso terá pouco tempo na TV. Promete compensar isso – e a falta de dinheiro – batendo perna em SP. Seu principal combustível é a rejeição da população aos políticos que aí estão, e por isso ela está melhor até do que Haddad nas pesquisas.
Dos principais candidatos em SP, ficaram faltando apenas os ricos e famosos Marta Suplicy (PMDB) e Andrea Matarazzo (PSD). Não fizeram ainda suas convenções porque há boas chances de optarem pela modalidade dois em um e virem juntos na mesma chapa, concretizando uma união que vai além deles: a do PMDB de Temer com o PSDB de Serra.
Os ricos e famosos de 2016 vão abrir caminho para os de 2018.